domingo, 25 de agosto de 2024

"Era feliz. Nunca percebemos quando estamos felizes, Angela, e perguntei-me por que a assimilação de um sentimento tão benévolo nos encontra sempre mal preparados, sem noção, tanto que só conhecemos a nostalgia da felicidade ou a sua espera perpétua".

Margaret Mazzantini 

Masculin féminin (1966)

Sergey Galanter

"Mentir constantemente não tem como objetivo fazer com que as pessoas acreditem em uma mentira, mas garantir que ninguém acredite em nada. Um povo que já não distingue a verdade da mentira não consegue distinguir o bem do mal: um povo privado do poder de pensar".

Hannah Arendt 

Eugénio de Andrade

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

"Valérie Mairesse in One Sings, the Other Doesn’t", Agnès Varda, 1977

"Eu adorei-o porque nada foi feito para que isso acontecesse.
Porque ele brincava com o facto de o achar atraente.
Porque fazer um esforço para agradar o mundo parecia não fazer parte dos seus desejos. 
Porque ele tinha algo triste escondido no fundo de sua alma. 
Ele também deve ter nascido assim, com essa nostalgia presa nos pulsos. 
Eu amava-o porque seus olhos observavam tudo sem serem impedidos por nada. 
Porque ele cheirava a liberdade. 
Porque ele era um prisioneiro. 
Porque havia em seus lábios um pouco de amargura e muita ternura, um amor que chorava e o desejo da paixão. 
Porque ele falava pouco. 
Porque quando ele falava, eu queria ouvir.
Ele estava nu, até mesmo vestido. 
Havia modéstia de sua alma e no seu corpo. 
Olhando de perto, imediatamente suspeitei que ele não se amasse muito. 
Em vez disso, eu amei-o.
Eu tinha espaço no meu coração. 
Havia, no fundo de seus olhos, algo velho, perdido, abatido. 
Eu queria ajudá-lo a encontrá-lo. 
Ele sorria pouco. 
No entanto, brilhante. 
Ele fazia-me rir sem nunca tentar. 
Não creio que pessoas engraçadas tenham me divertido muito. 
Ele, ele me deu vontade de gritar de tanto rir porque ele gozava consigo mesmo ao rir do que estava ao seu redor. 
Eu gostava dele porque ele era falsamente desapegado, frágil, sensível, agressivo e indefeso. 
Porque ele escondeu. 
Gostei porque ninguém esperava. 
E eu escrevi. 
Para esquecer. 
Mas nunca cheguei lá."

Romy Schneider 

Kriezdada

"Más allá del bien y del mal", Friedrich Nietzsche

Wings of Desire (1987), Wim Wenders

"Not all toxic people are cruel and uncaring. Some of them love us dearly. Many of them have good intentions. Most are toxic to our being simply because their needs and way of existing in the world force us to compromise ourselves and our happiness. They aren’t inherently bad people, but they aren’t the right people for us. And as hard as it is, we have to let them go. Life is hard enough without being around people who bring you down, and as much as you care, you can’t destroy yourself for the sake of someone else. You have to make your wellbeing a priority. Whether that means breaking up with someone you care about, loving a family member from a distance, letting go of a friend, or removing yourself from a situation that feels painful - you have every right to leave and create a safer space for yourself."  

Daniell Koepke

terça-feira, 20 de agosto de 2024

"Amar outra pessoa é fácil, mas amar o que você é, o que você é a si mesmo, é como se você estivesse abraçando um ferro brilhante no vermelho vivo: queima dentro de você e isso é muito doloroso.
Portanto, amar alguém em primeiro lugar é sempre uma fuga que todos esperamos, e todos nós gostamos quando somos capazes de fazê-lo.
Mas, eventualmente, volta sobre nós.
Você não pode ficar longe de si mesmo para sempre, você tem que voltar, você tem que vir para essa experiência, para saber se você realmente pode amar.
Essa é a questão: se você pode amar a si mesmo, e essa será a prova."

Carl Jung
Catherine in Wuthering Heights, 2011

Emil Nolde  
Abendliches Herbstmeer 
(1951)

Alain Delon & Marianne Faithfull in The Girl on a Motorcycle (Jack Cardiff, 1968)

"(...) Entre pessoas que são emocionalmente afins, parece ter lugar uma comunicação e penetração inconsciente recíproca."

Carl Gustav Jung. In: MCGUIRE, W.; HULL, R. F. C. (Coord.) C. G. JUNG: entrevistas e encontros: “Do diário de Charles Baudouin: 1934”. São Paulo: Cultrix, 1982.

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Pierrot: “You are crazy to do this”
Marianne: “No, I’m in love.”
Pierrot: “It’s the same thing.”

Jean-Paul Belmondo and Anna Karina in Jean-Luc Godard’s Pierrot le Fou, 1965
"Adoro Reticências...
Aqueles três pontos intermitentes que insistem em dizer
que nada está fechado, que nada acabou, que algo sempre está por vir!
A vida se faz assim!
Nada pronto, nada definido.
Tudo sempre em construção.
Tudo ainda por se dizer...
Nascendo...
Brotando...
Sublimando...
Vivo assim...
Numa eterna reticência...
Para que colocar ponto final?
O que seria de nós sem a expectativa de continuação?"

Nilson Furtado

sexta-feira, 9 de agosto de 2024

John Collier, Lady Godiva.

"Não tenho medo de te perder, pois não és um objeto da minha propriedade, nem de ninguém. Amo-te como és, sem apego, sem medos, sem condições, sem egoísmo, tentando não te absorver. Amo-te livremente porque amo a tua liberdade, assim como a minha." Anthony de Mello


Introvertidos podem ter fortes habilidades sociais e desfrutar de festas e reuniões de negócios, mas depois de algum tempo desejariam estar em casa de pijama. Eles preferem dedicar suas energias sociais a amigos próximos, colegas e família. Eles ouvem mais do que falam, pensam antes de falarem, e muitas vezes sentem-se como se se se expressassem melhor por escrito do que por conversa. Eles tendem a não gostar de conflitos. Muitos têm um horror de conversa fiada, mas gostam de discussões profundas.

Susan Cain
Do livro, Silêncio: O Poder dos Introvertidos num Mundo que Não Pode Parar de Falar


quarta-feira, 7 de agosto de 2024

"Para escolher a si mesma e preferir-se acima do resto é preciso ter chegado, vital, emocional ou reflexivamente ao que Sartre chama de situação limite. Situação limite pela sua intensidade, dramatismo, sua densidade metafísica desoladora."
"Mulher que sabe latim", Rosário Castellanos

domingo, 4 de agosto de 2024

The Mirror (1975), Andrei Tarkovsky

Dayanita Singh

Hilda Hilst, no livro “Da Poesia”. (Ed. Companhia das Letras; 1.ª edição [2017]).

Romy Schneider on the set of La Piscine, 1969

«Se amaste, se te amaram, saberás na velhice que esse foi o verdadeiro e poderoso laço que te prendeu à vida, o único que merece ser lembrado» João Marsé

Laura Adel Johnson

"No coração da mina mais secreta,
No interior do fruto mais distante, 
Na vibração da nota mais discreta, 
No búzio mais convolto e ressoante, 
Na camada mais densa da pintura, 
Na veia que no corpo mais nos sonde, 
Na palavra que diga mais brandura, 
Na raiz que mais desce, mais esconde, 
No silêncio mais fundo desta pausa, 
Em que a vida se fez perenidade, 
Procuro a tua mão, decifro a causa
De querer e não crer, final, intimidade.''

José Saramagoin "Os Poemas Possíveis"

"Henry vai viver em Paris e é convidado pelo marido de Anais, Hugo Guiler (Richard E. Grant) a visitá-los. Os dois se apaixonam pela inteligência e escritos um do outro. O livro Henry e June foi publicado em 1980, póstumo. Anais Nin ( 1903- 1977) nasceu nos arredores de Paris, Neuilly, no dia 21 de fevereiro de 1903. Filha de um pianista e compositor espanhol e de uma dançarina franco-dinarmarquesa. Anais muda com o marido psra Paris, em 1924, quando conhece Henry Miller e outros escritores. Na biografia de Henry, Anais pagou 600 dólares pela primeira edição do livro Trópico de Câncer. Quando Miller encontra com Anais ainda se relaciona com June (Uma Thurman), sua musa e mantenedora, com quem se casou por longos anos, de 1923 a 1932. “Por sete anos andei dia e noite com apenas uma coisa em mente - ela. Houvesse um cristão tão fiel a seu Deus quanto eu a ela e seríamos todos Jesus Cristo hoje”. (Henry Miller) O filme conta muito parcialmente uma bela história de amor que rendeu muitos escritos apimentados na vida os escritores Algumas vezes. Quando Miller vivia com muita dificuldade em Paris, era June quem mandava dinheiro para ele sobreviver. Anais era casada e Miller foi o outro na vida dela. Ela pagou para editar Trópico de Câncer. "O estranho é que juntos e sozinhos somos tão humanos, tão suave e calorosamente humanos, e na nossa escrita turbulentosa, túrgidos, espectrais, febris, monstruosos; encharcados em carnalidades homoeróticas. O meu estilo esmaltado, e o teu, muscular, pelejando, arrancando faíscas um ao outro." Anaïs Nin para Henry Miller Louveciennes, 16 Outubro de 1932

sábado, 3 de agosto de 2024

"Escrevo, ela escreveu, que a memória é frágil e o percurso de uma vida é muito breve e tudo acontece tão depressa, que não conseguimos ver a relação entre os acontecimentos, não podemos medir a consequência dos atos, acreditamos na ficção do tempo, no presente, o passado e futuro, mas também pode ser que tudo aconteça simultaneamente, como diziam as três irmãs Mora, que eram capazes de ver no espaço os espíritos de todas as épocas. É por isso que minha avó Clara escrevia nos seus cadernos, para ver as coisas na sua dimensão real e para gozar com a má memória". Isabel Allende 

karman Vedi

Monica Vitti being Valentina to Marcello Mastroianni being Giovanni in La Notte, The Night, directed by Michelangelo Antonioni, (1961)