"O suficiente é para quem não ama. No amor, só existem infinitos." Mia Couto

"Pierrot le fou" (1965), Jean-Luc Godard

Wong Kar-Wai's, "In the mood for love"

 

Tiny Tears

 

“Limite é sinal de afeto." Freud

RECADO

"ouve-me

que o dia te seja limpo e

a cada esquina de luz possas recolher

alimento suficiente para a tua morte

vai até onde ninguém te possa falar

ou reconhecer - vai por esse campo

de crateras extintas - vai por essa porta

de água tão vasta quanto a noite

deixa a árvore das cassiopeias cobrir-te

e as loucas aveias que o ácido enferrujou

erguerem-se na vertigem do voo - deixa

que o outono traga os pássaros e as abelhas

para pernoitarem na doçura

do teu breve coração - ouve-me

que o dia te seja limpo

e para lá da pele constrói o arco de sal

a morada eterna - o mar por onde fugirá

o etéreo visitante desta noite

não esqueças o navio carregado de lumes

de desejos em poeira - não esqueças o ouro

o marfim - os sessenta comprimidos letais

ao pequeno-almoço"

AL BERTO, in O MEDO (Assírio & Alvim, 2017

Anatomies, Man Ray (1929)

Man Ray (1932)

Gene Tierney, "Leave Her to Heaven" (1945)

"Je te laisserai des mots
En-dessous de ta porte
En-dessous de les murs qui chantent
Tout près de la place où tes pieds passent
Cachés dans les trous de ton divan
Et quand tu es seule pendant un instant

Ramasse-moi
Quand tu voudras

Ramasse-moi
Quand tu voudras

Ramasse-moi
Quand tu voudras"

Je te laisserai des mots - Patrick Watson ( 1 hour )

Adriana Lima

“Since I have no sweet flower to send you,

I enclose my heart;

a little one, sunburnt,

half broken sometimes.”

Emily Dickinson, in a letter to Mrs. Samuel Bowles, c. December 1858.

Nicole Kidman, Eyes Wide Shut diretto da Stanley Kubrick (1999)

Joan Collins "Seven Thieves," (1960)

Sea and Shore, Edward Hopper

"2046" (2004), Wong Kar-Wai

Laura Makabresku

Edward Hopper, "Blond Woman Before an Easel" (1903-1906)

Paula Rego (1935-2022)

 

 

Natalie Portman em "Léon, o Profissional" (1994), filme de Luc Besson

Edward Hopper’s (1930)

"Um dia, gastos, voltaremos

A viver livres como os animais

E mesmo tão cansados floriremos

Irmãos vivos do mar e dos pinhais.

O vento levará os mil cansaços

Dos gestos agitados irreais

E há de voltar aos nossos membros lassos

A leve rapidez dos animais.

Só então poderemos caminhar

Através do mistério que se embala

No verde dos pinhais na voz do mar

E em nós germinará a sua fala."

SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN, in DIA DO MAR (1947; Assírio & Alvim, 2014)

 

 

Laura Makabresku

 

 

A Studio in Montparnasse (1926), Christopher Richard Wynne Nevinson

Helmut Newton

Björk, Jane Bown (1995)

 

"Hydrangeas and blue bird" (2013), Kobayashi Tatsufumi